Velhice aos quinze anos

Continuo com pensamentos de um tempo obsoleto

Coberto por placas de marfim

Caminhando por entre o espírito e o esqueleto

Largando ao vento a esperança junto a mim.

Não pertenço a minha era

E esqueço nas chamas gélidas a primavera

E os sentimentos que me iludem em quimera...

Meu corpo tão novo já está cansado

De meu espírito senil e sobrecarregado

De pensamentos putrefes e corroentes

Que me aprisionam idosa a correntes;

E eu ainda questiono o inimaginável

Perguntando até quando é palpável

A minha juventude...

Comparando as tolices imundas

Das almas amigas jovens e corcundas

Que não entendem metade do que digo;

- E talvez por isso ainda eu me cale...

Mas até quando vale?

Esse sentimento infantil e desgueirado

Sem mais sentir o seio apaixonado

E esquecendo aos poucos os sonhos que persigo...

E até quando ainda vou me questionar

Do por que de ainda continuar?

Sabendo prévia de minha derrota

Mas ainda sim ser de todo devota;

Largando aos quatro cantos... Meus cantos,

E aos ventos meus prantos

De ao certo ainda não saber até quando viver

Se em plena mocidade já quero morrer.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 24/01/2008
Reeditado em 24/01/2008
Código do texto: T830378
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