Velhice aos quinze anos
Continuo com pensamentos de um tempo obsoleto
Coberto por placas de marfim
Caminhando por entre o espírito e o esqueleto
Largando ao vento a esperança junto a mim.
Não pertenço a minha era
E esqueço nas chamas gélidas a primavera
E os sentimentos que me iludem em quimera...
Meu corpo tão novo já está cansado
De meu espírito senil e sobrecarregado
De pensamentos putrefes e corroentes
Que me aprisionam idosa a correntes;
E eu ainda questiono o inimaginável
Perguntando até quando é palpável
A minha juventude...
Comparando as tolices imundas
Das almas amigas jovens e corcundas
Que não entendem metade do que digo;
- E talvez por isso ainda eu me cale...
Mas até quando vale?
Esse sentimento infantil e desgueirado
Sem mais sentir o seio apaixonado
E esquecendo aos poucos os sonhos que persigo...
E até quando ainda vou me questionar
Do por que de ainda continuar?
Sabendo prévia de minha derrota
Mas ainda sim ser de todo devota;
Largando aos quatro cantos... Meus cantos,
E aos ventos meus prantos
De ao certo ainda não saber até quando viver
Se em plena mocidade já quero morrer.