HOJE

 

Quem sabe outro dia,

Eu escreva uma poesia,

De amor para você.

Hoje não posso,

Estou em destroços,

Tomado por uma agonia,

Que vai além do por que,

Hoje quero me descompor,

Me acabar no vinho,

No solitário desalinho,

Sentir o peso do fardo,

Os acordes de um fado,

Deixar rolar o pranto.

Hoje sou todo desencanto,

Sou rasurada imagem,

Um olhar sem coragem,

Distante da inspiração.

Outro dia, hoje não,

Hoje a palavra amor,

Não me soa bem.