Último desabafo
O que está acontecendo?
Por que tudo isto acabou?
Por que tudo isto sequer começou?
O que fizemos com as nossas vidas?
Que desvairada besta é esta
Que devora os nossos dias?
De repente encontro-me em um outro mundo.
Um mundo novo, real e hostil.
Sinto-me tão vivo... Tão desperto!
Sinto-me abandonado, decrépito, feio e ameaçado!
Nunca pensei que viver fizesse desejar a morte novamente.
Nem que acordar não causasse nada senão saudades de sonhar.
Por que não posso simplesmente voltar para minha fantasia?
Por que estou acordando assim tão depressa,
Se não terei teus lábios
Ao fim do meu torpor?
Tua frieza despedaça todos os sonhos existentes em mim
E impossibilitado de sonhar,
A vida torna-se apenas mais um fardo pesado;
E cada respirar é a dita cruel da dor que continua.
O sangue que corre em minhas veias,
Corre, pois não posso fazê-lo parar.
Injusto, não?
O tempo em seu desdobrar devora tantas vidas vivíveis
Esquecendo-se de nós, subvidas esperando pelo seu término.
Hoje vivo apenas esperando pelo fim do dia.
Vivo apenas esperando... Parado. Quieto. Estático!
Paralisado de medo e de solidão!
Cada dedo que eu movo, denegria ainda mais a situação;
E quando eu penso que finalmente posso respirar,
Ensurdeço ao som do próximo tiro.
Injusto, não?
Hoje vivo apenas esperando a próxima pérfida chuva de pedras
Que mais uma vez abusará de meu corpo há muito desgastado.
Vivo para morrer, apanho para compreender.
Mas já não disse o poeta, que compreender é esquecer-se de amar?
E então eu caio novamente nesta lacuna,
Onde nem compreendo, nem consumo o meu amor.
E então eu caio neste nada.
Injusto não?
O maior investimento em longo prazo
Não trás resultado algum além do fracasso!
Injusto, não (Volto a repetir para dar ênfase)
O “não” é claro, você tenta resolver as coisas,
Mas a alma insiste mesmo assim. Por pura teimosia: Por infantilidade.
Injusto, não? (Creio que isto esteja se tornando cansativo)
Mas a pergunta maior ainda é a respeito do tempo.
O tempo em que esta maldita mão negra ainda vai nos torturar...
O tempo em que esta deplorável ave de rapina vai cercar nosso destino.
A pergunta continua sendo “Afinal, existe solução?”.
Mascarada entre as diversas linhas dessa coisa,
Que sequer pode-se chamar de poema.
Mascarada assim como teu nome
Escondido por detrás de cada suspiro...
Cada lágrima, palavra ou atitude...
Teu nome por detrás de tudo!
Por que tudo mudou tanto?
Por que demora tanto para cicatrizar?
Realmente não existe solução?
O que está acontecendo?
Eu respeito, mas não entendo.