Lágrimas
Quem me olha e enxerga a velha
Nem imagina a infância querida
Ao sabor do mel, o zum da abelha
Parece-me mesmo ser em outra vida
E a minha gengiva hoje dolorida
Concebia outrora o rir das primaveras
Primícias flores, sonho de donzelas
E acabei aqui, triste e esquecida
E pairo pensativa, em olhar vago
Minha face plácida brilha num lago
Eu enxergo a velha fora de mim
E ambas choramos na marola calma
Lágrimas que brotam da mesma alma
A menina, a velha e um mesmo fim.