DE TODOS OS SILÊNCIOS

De todos os Silêncios

Delasnieve Daspet

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Meu canto é a voz de uma lamento.

Uma canção única.

Canto para os que não vão nascer.

Abandonados pelo espectro politico,

Sinal do despreparo do homem.

Ficaram, somente, as almas.

Espíritos que não se materializaram.

Não serão amados.

Permanecem no ruído do profundo silêncio.

Não virão ao mundo. Ficarão nas esferas.

Ligados às estrelas. Silêncio.

Silencio do silêncio. Ainda, silêncio.

A minha voz, canção de uma só voz,

A canção para ninar, que jamais ouvirão!

Crianças que nunca irão nascer.

Sem voz, jamais serão ouvidas.

Nem mesmo do ventre das mulheres

Que os devolverão ao éter.

Não nascerão,

Suas respirações não serão sentidas.

Ficarão soltas, nas estrelas, em solidão eterna.

Crianças, mortas, ouçam a voz do lamento,

Longínquo, nas ondas do silêncio do universo.

Crianças que não serão.

No espaço morreram suas vidas,

Nasceram suas almas.

Dormem o sono das almas

21.03.23