SILÊNCIOS CRUZADOS

Ela passa, e o vento sussurra seu nome,

Uma dor que ele guarda, calado, no peito.

Os olhos se encontram, mas o mundo consome

O amor que um dia foi vivo, perfeito.

Ela, comprometida, carrega o medo,

De sentir de novo o que já foi tão real.

Ele, preso ao dever, vive o segredo,

De amar em silêncio, sem fim, sem igual.

Não há palavras, só o peso da ausência,

Um abismo de "e se" e "porquês" sem resposta.

Ela o evita, mas na alma, a essência

Daquele amor ainda vibra, quase exposta.

Ele a vê, e o coração desespera,

Quer gritar, mas a razão o amarra.

Ela o sente, e a alma inteira espera,

Mas o medo a mantém na fria garra.

Ambos sabem: o passado não volta,

E o presente é uma cela de dor.

Ela chora em segredo, na sombra revoltada,

Ele sangra em silêncio, sem cor.

E assim seguem, dois corações partidos,

Separados por escolhas e tempos errados.

Dois amantes que um dia foram unidos,

Agora só restam silêncios cruzados.

E o amor? Ah, o amor permanece,

Intocado, imortal, além da razão.

Mas a vida os prende, e assim perecem,

Dois sonhos que morrem de desilusão.

Igor da Silva Chaves
Enviado por Igor da Silva Chaves em 14/02/2025
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