SILÊNCIOS CRUZADOS
Ela passa, e o vento sussurra seu nome,
Uma dor que ele guarda, calado, no peito.
Os olhos se encontram, mas o mundo consome
O amor que um dia foi vivo, perfeito.
Ela, comprometida, carrega o medo,
De sentir de novo o que já foi tão real.
Ele, preso ao dever, vive o segredo,
De amar em silêncio, sem fim, sem igual.
Não há palavras, só o peso da ausência,
Um abismo de "e se" e "porquês" sem resposta.
Ela o evita, mas na alma, a essência
Daquele amor ainda vibra, quase exposta.
Ele a vê, e o coração desespera,
Quer gritar, mas a razão o amarra.
Ela o sente, e a alma inteira espera,
Mas o medo a mantém na fria garra.
Ambos sabem: o passado não volta,
E o presente é uma cela de dor.
Ela chora em segredo, na sombra revoltada,
Ele sangra em silêncio, sem cor.
E assim seguem, dois corações partidos,
Separados por escolhas e tempos errados.
Dois amantes que um dia foram unidos,
Agora só restam silêncios cruzados.
E o amor? Ah, o amor permanece,
Intocado, imortal, além da razão.
Mas a vida os prende, e assim perecem,
Dois sonhos que morrem de desilusão.