MEU SER SÓ
Não quero ser só!
Não, não quero ser
A pobreza de uma esquina de namorados.
A palavra impossível de se dizer
Nos lábios dos apaixonados!
Não, eu não quero encontrar
À minha pergunta cortante
Uma resposta vazia,
De um eco distante!
E, eu não quero ouvir,
Uma voz que eu somente
Tenha a impressão de me iludir
Num ímpeto presente!
Ao meu canto solitário
Disperso-me a procurar
Um alguém imaginário
A quem me dedicar.
No meu ser continuando,
Procuro entre tantos um outro ser,
Não encontro e fico me agarrando
Aos sonhos impossíveis de dizer
Que não quero ir me maltratando
Sem ter com quem me envolver.
Quero encontrar para mim
Quem me acompanhe,
Quem acabe com esse “só” enfim
E que nunca me abandone
Nas tempestades, nos confins!
Eu quero ter
Alguém a quem dizer
Que também sou um ser.
Um ser só, e que, no entanto,
Estou sentindo essa maldição
Amassar-se num canto
Desesperador do meu coração!