CANÇÃO DE NINAR

 

Ouve-se na esquina,

Uma cantiga sibilina,

Espalha ternura no ar.

 

Penetra além dos ouvidos,

Atravessa sensórios sentidos,

Faz o Espírito evolar...

 

Dizem que a harmonia vem,

Das estrelas além,

Alguém que fazia morada,

 

Naquela esquina da vida,

Vida subdividida, perdida,

Entre a loucura e o nada.

 

O nome, ninguém sabia,

Passou a ser Maria,

Maria da boneca de pano.

 

Dizem que ser mãe, era o seu divino plano,

Porém, o sonho não aconteceu,

Talvez, por isso enlouqueceu.

 

Dizem que um dia amanheceu no chão baço,

Estendida com a boneca nos braços,

E um bilhete escrito: - cuidem dela.

 

Ouve-se uma canção de ninar, bela,

Seduz, produz encantamento,

Ao mesmo tempo, um pranto lento.