mundo pequeno

me deixem em paz

com minha tristeza

me deixem em paz

em meus mergulhos profundos

aonde não há luz,

não há esperanças...

não há manhãs

os orvalhos são lágrimas mortas

de dores ainda vivas

me deixem em paz

não me liguem

não sintam a minha falta

não me lembrem que estou aqui,

que permaneço aqui

e que não pertenço a nada disso.

deixem-me sorver a tristeza

como se fosse um delicado licor,

como se fosse a aurora boreal,

como se fosse o aceno de estrela cadente

a coriscar no céu

um vetor impossível

deixe-me sorver a eternidade

desse momento

e, quem sabe

encontro o fio da meada,

o caminho para a terra prometida,

o sapato que não me aperte,

o kharma menos cruel

e espírito menos indolente.

quem sabe quando acabar a tristeza

eu ria da dor, da vilania,

das falsidades,

e obscuridades humanas

e,todos os enigmas serão perfeitos

como um exercício qualquer

como um aquecimento

para sobrevivência

deixe-me experimentar os icebergs

congelantes da indiferença,

da abstração,

da ausência de tudo

em tudo

e, por fim, deixe-me a menor

partícula de tudo...

pois isso,definitivamente

eu vivenciei

a miniatura solene da vida.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/01/2008
Código do texto: T820756
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