mundo pequeno
me deixem em paz
com minha tristeza
me deixem em paz
em meus mergulhos profundos
aonde não há luz,
não há esperanças...
não há manhãs
os orvalhos são lágrimas mortas
de dores ainda vivas
me deixem em paz
não me liguem
não sintam a minha falta
não me lembrem que estou aqui,
que permaneço aqui
e que não pertenço a nada disso.
deixem-me sorver a tristeza
como se fosse um delicado licor,
como se fosse a aurora boreal,
como se fosse o aceno de estrela cadente
a coriscar no céu
um vetor impossível
deixe-me sorver a eternidade
desse momento
e, quem sabe
encontro o fio da meada,
o caminho para a terra prometida,
o sapato que não me aperte,
o kharma menos cruel
e espírito menos indolente.
quem sabe quando acabar a tristeza
eu ria da dor, da vilania,
das falsidades,
e obscuridades humanas
e,todos os enigmas serão perfeitos
como um exercício qualquer
como um aquecimento
para sobrevivência
deixe-me experimentar os icebergs
congelantes da indiferença,
da abstração,
da ausência de tudo
em tudo
e, por fim, deixe-me a menor
partícula de tudo...
pois isso,definitivamente
eu vivenciei
a miniatura solene da vida.