Eco do nunca vivido
Um som distante,
uma voz que fala por luzes,
um toque sutil de amor
que aumenta o sentido de tudo,
também do desejo
do que nunca se teve,
da saudade do nunca vivido,
do improvável
que se desenha
na realidade cotidiana...
Sou anfitriã da dor,
sacolejo bagagens
de um passado
que não me pertence,
mas que decide meu caminho.
Não fui eu quem partiu.
Não fui eu que desisti de viver,
no entanto,
vivo como se eu fosse,
como se a mim
fosse dada a culpa
por tanta dor - a mais atroz,
a mais dolorida,
aquela que palavra nenhuma
pode expressar, dizer, explicar -.
Eu estou aqui. Eu amo.
Eu entrego amor. Eu sonho.
E não sou um lapso, um engano
que escapa por entre as malhas
do tempo e do espaço
querendo um lugar que não é meu.
Busco o que me é destinado,
o que me é por amor, por entrega,
o lugar que me pertence...
O doce lar do teu coração...