Na Beira do Leito
O pai ali sentado, de olhos guardados num fio de esperança, segurava a mão do pequeno como quem segura um mundo prestes a despencar.
As paredes brancas, tão frias,
pareciam absorver o silêncio,
mas ele, entre suspiros,
pintava estrelas no teto com o olhar.
O filho dormia como quem luta
num sonho cheio de batalhas,
e o pai, em preces miúdas,
pedia ao tempo que parasse, só um pouco.
A vida, tão frágil e teimosa,
respirava junto às máquinas,
mas, no peito do pai,
brotava um infinito de amor,
capaz de reescrever destinos.
Porque, no fundo, ele sabia:
há dores que viram poesia,
e há noites que, apesar de tudo,
sempre anunciam um amanhã.