Alma de Azevedo

Eu, que achava que sabia tudo,

Me encontrei no chão,

Com o coração na mão.

Uma criança sabe mais da vida,

Porque ela ainda não esqueceu,

Não sentiu o tanto que doeu pra chegar até aqui.

Em cada esquina suja, eu seguia mudo,

Achando um absurdo,

Mas deu!

Eu não quero mais ser gente grande!

Eu só quero lembrar de quem eu queria ser:

O cientista, o astronauta, um herói do filme na TV,

Qualquer coisa que não se venda

Por um papel furado no fim do mês.

Eu, daqui, achando que nossos filhos aprenderiam o mundo,

Mas, depois de tudo,

Entendi que eu preciso lembrar

Muito mais do que eles precisam entender.

O sentimento puro,

O amor na raiz,

Sem a cicatriz

Que me deixou assim,

Levando o coração dentro do peito,

Dentro do paletó

E dentro de uma camisa,

Por trás de uma gravata,

Escondido, pra ninguém ver

Que estou partido,

Um homem moribundo

Que encontrou seu mundo

E depois se desfez.

"Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!"

Álvaro Duarte
Enviado por Álvaro Duarte em 11/11/2024
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