Dia nasceu nublado.
Nublada estava minha visão.
O embaçado dava um tom melancólico.
O purismo das cores se misturavam
promiscuamente
Dia nasceu nublado
Chuva miúda.
Gotas sutis a molhar tudo.
Gotas de lágrimas não vertidas.
Gotas de remédios não tomados.
Nuvens conspiravam
Raios e trovões esbravejavam
Todos luminosos e ruidosos.
Lembravam-me as brigas em casa.
Era um campeonato de ópera
Quem proferisse a ária mais densa
Ganhava a discussão.
Como eram passionais...
Achava estranho tudo aquilo.
Mas, não falava nada.
O tempo passou
E, o dia continuou nublado.
Dublado pelo sombrio
Nuvens densas e cinzentas
Tristezas firmes e aguacentas
O chão molhado e escorregadiço.
O coração encharcado de mágoas
Lá fora, o vento trazia esperança.
Lá dentro, a consciência trazia temperança
Quem venceria na gangorra?
Quem estava no alto?
Ou no baixo?
Dia nasceu nublado.
A noite veio... e a chuva permaneceu.
Permaneceu na memórias a tragédia.
Da convivência humana...
reticente, tardia e fugaz.