Metade em Fuga
Hoje, sou metade aqui,
e metade em qualquer outro lugar
onde minha presença não pese,
onde meu silêncio seja leve.
Me sinto estranha, fora do eixo,
um corpo vazio de mim mesma,
vagueando entre a apatia e a raiva,
num nada onde nem o toque alcança.
Tomei o remédio, um gole de controle,
mas só consegui me afastar do que sou.
Fiquei num outro planeta,
de onde me vejo distante,
como uma presença apagada
que incomoda ao passar.
Não quero ferir nem ser lembrada,
quero apenas um lugar invisível,
onde a dor e eu possamos coexistir
sem precisar de explicação.
As pessoas não entende.
Elas sentem a falta, a diferença,
como se eu tivesse sumido
e deixado apenas o corpo,
um rastro de ausência constante.
E enquanto tudo isso pesa,
a vontade é apenas de sumir,
de desaparecer onde não incomodo,
onde não há rastro nem sombra.