Cor dos dias escuros
Uma apatia deliberada toma conta da estagnação que move meu corpo
Um corpo de barro que sente a ausência da vida no sopro
Que não pode andar ou correr, gritar ou pedir por socorro
Porque, além disso, de morrer ou viver ele está receoso
Dias cinzam colorem meus dias escuros
Meu sopro de vida se esvai cada vez mais, a cada segundo
Fico sem respostas às questões que me pergunto...
O que mais eu tenho para fazer no mundo?
Minha vida só tem valor se tiver utilidade
E o que fiz eu, até agora, até a minha velha idade?
Talvez na minha vida não haja espaço pra futilidade
Mas o que é o fútil se não uma necessidade?
Viver futilmente
Morrer necessariamente
A vida ausente
E a fuga presente
Viver futilmente
A vida ausente
Uma morte decente
É a saída frequente
Quantos se vão, querendo ficar
Quantos ficam, tentando levar
O tédio de viver, prolongado até a eternidade
Dos segundos infinitos, com imensas saudades
Da morte da vida..
Fardo da vida comprida.
A visitante querida
Que nos leva dessa lida
Quem sabe ela ainda
Me encontre ferida
E me leve daqui
E se esqueça que nasci
Porque eu já me esqueci
Que um dia vivi