Cor dos dias escuros

Uma apatia deliberada toma conta da estagnação que move meu corpo

Um corpo de barro que sente a ausência da vida no sopro

Que não pode andar ou correr, gritar ou pedir por socorro

Porque, além disso, de morrer ou viver ele está receoso

Dias cinzam colorem meus dias escuros

Meu sopro de vida se esvai cada vez mais, a cada segundo

Fico sem respostas às questões que me pergunto...

O que mais eu tenho para fazer no mundo?

Minha vida só tem valor se tiver utilidade

E o que fiz eu, até agora, até a minha velha idade?

Talvez na minha vida não haja espaço pra futilidade

Mas o que é o fútil se não uma necessidade?

Viver futilmente

Morrer necessariamente

A vida ausente

E a fuga presente

Viver futilmente

A vida ausente

Uma morte decente

É a saída frequente

Quantos se vão, querendo ficar

Quantos ficam, tentando levar

O tédio de viver, prolongado até a eternidade

Dos segundos infinitos, com imensas saudades

Da morte da vida..

Fardo da vida comprida.

A visitante querida

Que nos leva dessa lida

Quem sabe ela ainda

Me encontre ferida

E me leve daqui

E se esqueça que nasci

Porque eu já me esqueci

Que um dia vivi

Kyna
Enviado por Kyna em 24/10/2024
Código do texto: T8181269
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