De ouvidos, olhos, e de longe.
Se eu fosse o centro de algo,
Eu seria um buraco no chão.
Um fosso, depressão.
Nos olhos dos redores,
Sou desconhecido, ridículo.
Provido de tal sanidade,
Porém carente dos sentimentos.
Ah, que podre virara eu?
Um asco, um novo, talvez
Aquela metamorfose!
Metamorfose ambulante?
O desconhecido traz medo,
É melhor zombar a entender.
E se eu fosse o centro de algo,
Eu seria um paciente, adoecido.
Como que na mesa de cirurgia,
À mercê.
Dissociado, dividido...
O médico ama sua criação?
Ali de olhos atentos, abertos,
E eu seria o monstro?!
Da sala um alvoroço,
Sem vigor, sem amor, sem razão.
Diz-se o diagnóstico:
-Feche-o e iniciamos nova operação.
Dilaceramos-no na mente.
Sem cabeça o coração não sente.
Mas se eu ainda fosse o centro,
Eu diria:
-Me ajudem, sou um pobre miserável,
algo rico em paixão.
E claro, sem espanto, o eco!
Risos e choros, sem razão.
Só queria ouvir algo sincero,
Algo lá do peito,
Que vem bem do lado esquerdo:
-Eu te entendo e lhe acompanho. E
Digo isso
Do fundo do meu coração.
Obscuros, eles não vêem.
Que meu problema
É solidão.