Morte
A morte ronda,
Cerca,
Humilha,
Zomba,
Não é direta,
Deixa sinais.
Ela é esperta,
Quieta,
Assopra,
Toca,
Afronta,
Nos manipula como brinquedos,
Pobre de nós,
Meros mortais.
Nunca avisa,
Chega,
Calma,
Sonsa,
E quando menos espera,
Leva,
Sem discutir,
Pois sempre da vida,
Queremos mais.
Mal súbito,
Um impacto,
Moléstias,
Feridas abertas,
De acidentes,
Outros queimados.
Um câncer,
Acomete,
Definha,
E de pouco em pouco,
O corpo,
Vai ficando desgastado.
Me aparece,
Linda,
Sombria,
De cetim?
Como diz Raul?
Ou toda de preto?
Carregando a foice,
Como é nos contado?
Será que há céu?
E estrelas?
A alma descansa?
Ou ao corpo,
Nos mantemos grudados?
Há esperanças?
Perante a um Deus,
Somos todos crianças?
O que será,
Que há para nós reservado?