Abandono Paterno
Tenho licença pra falar do que não tive?
Se não tenho, hoje eu peço, é minha vez de ser livre.
Dizem que não sentimos falta do que nos foi negado,
Mas essa mentira me manteve por tempo calado.
Absurdo acreditar que o vazio não é sentido,
O que mais dói é aquilo que não foi recebido.
Se meu pai não me quis, eu já tentei entender,
Mas tira o Mathias do nome, tua ausência me fez crescer.
A cada Dia dos Pais, o abraço que faltava,
A desculpa de quem foge e nunca se responsabilizava.
A culpa, talvez, de não querer o que teve,
Ou adiar promessas: "eu volto depois", quem sabe breve.
Aguento a ferida, suportei cada dor,
Mas não queria ser forte, eu queria o teu amor.
Queria a sorte de ter ao meu lado
Um pai presente, com o coração ligado.
Mas sigo em frente, carrego meu próprio peso,
Aprendi com a ausência, transformo dor em enredo.
Porque aquilo que falta ensina a resistir,
Mesmo sem ter, sou capaz de sorrir.
Jéssica Rolim Mathias (mesmo que não queira, esse sobrenome faz parte da minha vida).