Retrato de uma Infeliz

Retrato de uma infeliz

Olhos profundos da cor do mel

Quem ousar mergulhar

Poderá sentir tanto fel

Tristeza, desespero,sofrimento

Uma pobre infeliz ambulante

Seu corpo humano mutante

A alma rasgada e estraçalhada

Não tem horizonte, não tem

Amanhã

Sem trabalho, sem renda, sem

Um novo risco a ser bordado

Ela teima consigo mesma

Põe a alma na grande fogueira

E faz uma grande besteira

Hoje no inicio da manhã

Estava lá a infeliz traficante

Em estato terminal

Sofrendo a sentença fatal

E manchete de jornal

Valha-nos deus que triste

Que fim dramático e banal

Todos os dias é o que vemos

Nos rostos, nas máscaras,

Nas feridas, nas cicatrizes

A mutilação do ser humano

Mutante, Ambulante,Traficante

Destituído de tudo,

Respeito, dignidade

Situação humilhante

A do nosso semelhante