Cicatriz

Nasce o delírio na mente em brasa,

Entre as sombras, a alma se desfaz,

Um purgatório em fogo se abrasa,

Na cadavérica dança que traz,

A cicatriz do tempo que jamais se apaga.

Cada passo é um eco do além,

Onde a vida e a morte se entrelaçam,

A alma, perdida, busca um porém,

Nos olhos vazios que a esquecem,

E na dor, antigas marcas renascem.

O purgatório é uma estrada deserta,

Onde o delírio floresce em agonia,

A cadavérica figura, sempre alerta,

Cobre de cinzas a eterna travessia,

Enquanto a cicatriz no peito lateja fria.

Em silêncio, a alma vaga sozinha,

Nos corredores do destino incerto,

Com o coração vazio que definha,

E um delírio que a toma por perto,

Num ciclo sem fim, escuro e deserto.

Mas da cicatriz nasce o renovo,

Do purgatório se ergue a esperança,

A alma, embora em dor, busca o novo,

No cadavérico corpo, a mudança,

E no delírio, encontra a sua dança.

João Paulo Leal
Enviado por João Paulo Leal em 09/10/2024
Reeditado em 11/10/2024
Código do texto: T8169396
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