Cicatriz
Nasce o delírio na mente em brasa,
Entre as sombras, a alma se desfaz,
Um purgatório em fogo se abrasa,
Na cadavérica dança que traz,
A cicatriz do tempo que jamais se apaga.
Cada passo é um eco do além,
Onde a vida e a morte se entrelaçam,
A alma, perdida, busca um porém,
Nos olhos vazios que a esquecem,
E na dor, antigas marcas renascem.
O purgatório é uma estrada deserta,
Onde o delírio floresce em agonia,
A cadavérica figura, sempre alerta,
Cobre de cinzas a eterna travessia,
Enquanto a cicatriz no peito lateja fria.
Em silêncio, a alma vaga sozinha,
Nos corredores do destino incerto,
Com o coração vazio que definha,
E um delírio que a toma por perto,
Num ciclo sem fim, escuro e deserto.
Mas da cicatriz nasce o renovo,
Do purgatório se ergue a esperança,
A alma, embora em dor, busca o novo,
No cadavérico corpo, a mudança,
E no delírio, encontra a sua dança.