Bar

Geralmente na mesma mesa

do mesmo bar,

que literalmente se encontrava

na esquina da mesma rua

que, por mais de vinte anos morava

desde que a sua inesquecível mulher

foi tragicamente assassinada

por uma bala perdida que

se alojou na sua cabeça

matando-a fulminantemente

e, com isso aumentando realmente

u número dessas vidas

totalmente desprezadas

só por serem pobres e negras,

além de periféricas,

existindo num país racista

que lhes veem como sendo nada.

Daí, desde de lhe sepultala,

passou a beber como nunca

outrora tinha bebido,

e, assim literalmente

toda vez que naquela mesma calçada

apressadamente caminhava

até a padaria todos os dias

porque todos os dias

de portas abertas sempre estava,

sempre ali lhe avistava

no mesmo lugar bebendo

após o seu expediente terminar

e, quando se aproximava das seis horas,

deixava o bar cambaleando

por agora se encontrar tonto,

indo sozinho amargar

mais um dia sem o seu grande amor

e, assim por muito tempo existiu

verdadeiramente triste,

e sem ninguém que viesse lhe orientar.

Silvio Parise
Enviado por Silvio Parise em 08/10/2024
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