Sempre haverá de ser
Aqui de novo, no mesmo lugar
As mesmas pessoas para cumprimentar,
Mesma cadeira, mesmo bar.
O primeiro gole para divagar,
As mesmas palavras, o mesmo pensar
O repetir já está a desgastar
Opções mais viáveis.
Completando as frases de quem vem me falar,
Corrigindo histórias que começam a contar,
E se esquecem do final
Mesmo que seja igual
Ao que sempre foi.
O mesmo preço,
O mesmo trajeto,
A mesma casa,
Os mesmos objetos
De discussões intermináveis,
Cujo começo difere,
O meio se adequa,
E o fim se repete
Como sempre repetiu
E sempre repetirá.
Passadas largas sem sair do lugar,
Palavras grandes demais, em extensão e significado;
Diz o que não se deve, ouve o que não gosta
Dão as costas, andam cinco passos;
Ganha que virar-se
E atirar
Primeiro.
Pena que são dois os derrotados
Que agora deitam ao chão
Em meio aos tecidos alvejados,
Pensamentos precipitados,
E duas cápsulas vazias, uma de cada lado,
Como sempre foi,
E sempre haverá de ser.