Silêncio entre as cordas...
As mãos do violoncelista
dançam sobre as cordas tímidas
como estrelas distantes que desenham
melodias em céus que já lhe pertencem.
O velho arco, numa curva lenta,
rende-se a vontade de suas mãos hábeis
e por entre graves e agudos,
encontro o equilíbrio para o seu espírito.
O tempo enfraquece e é esquecido,
deixa de ser sentido e evapora-se.
Cada nota é uma lágrima oculta
que cai sem pressa sobre os campos vastos do silêncio,
e assim sentimentos inexprimíveis brotam
como alimento que sacia a fome.
A madeira lustrosa que um dia foi uma bela árvore
agora canta memórias de homem que tem
mais passado do que futuro.
Há um pacto entre ele e o instrumento,
um juramento de vida e morte
que o mundo jamais entenderia,
somente as almas envolvidas.
Mas no grave da última nota,
a resposta certa está ali,
depois da pergunta perfeita.
No íntimo, o violoncelista sabe que cada corda,
é um universo com seus planetas, galáxias e mistérios
e que ele, o violoncelista, habita em todos eles.
Na beleza do som mora também o caos cantado,
e nas pausas também há reverência.
O som do violoncelo preenche
frestas doentes, carentes de cura.
É uma música para os perdidos,
para aqueles que buscam
sem saber o que realmente perderam,
para os que encontram sentido
nas redundâncias ou no conforto da mudez.
Nas mãos do violoncelista,
o tempo torna-se maleável,
pois sua força estende-se
a passado, presente ou futuro
de qualquer era.
E no instante em que o arco
ergue-se no ar, suspenso,
o seu mundo prende a respiração,
aguardando o retorno da nota final,
esperando pacientemente,
que a melodia retornará.
Texto produzido pela INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)