Cemitério
Ah, que cemitério...
A vida parecia tão florida...
Onde está o jardim da minha infância?
As pessoas queridas e amigas;
Os sabores das taças e o perfume das flores,
Onde estão?
O dia passou de um amarelo claro a um tempo feio de véspera de tempestade;
As dores íntimas como um doente sem esperança de melhora...
O chacal feroz das trocas sociais e das palavras de escarro;
O vagar triste pelas ruas da nossa maravilhosa cidade...
Quando olho ao espelho, vejo que envelheci.
Já tinham-me dito isso, que um dia a idade chega,
Mas pouco soube como ficar em paz com tudo isso,
Sem vociferar e, principalmente, sem chorar.
Lembro do tempo em que tinha tuas mãos e juntos andávamos por aí,
Do teu doce beijo e do teu consolo em palavras doces.
Mas ah, deixa que a vida siga, pelas manhãs, tardes e noites
Sem isso e sem aquilo, sem você aqui a me animar,
E no abandono completo, sem lágrimas que agora não choro,
Deitando minhas dores em versos.