Seca de palavras

Não me entristeço pelo Sol que foi outra vez racionalmente para longe de mim, nem pelo Vento que não veio (que não virá), nem mesmo por ficar presa à janela do tempo profundo aguardando sua brisa tocar com dedos de luz minha face de esperas. Também não sei se me bastaria com um toque assim de longe ou com um sopro apenas ou se preferiria brincar num carrossel de tempestades e redemoinhos de (in)lucidezes... sei que é na voz de um raio de luz (que ainda aguardo hoje ou amanhã ouvir) que paira o silêncio profundo que talvez eu precise para refletir e que se calam as angústias que escorrem do canto dos olhos... É assim que brotam flores fatigadas de dores do passado e lembranças de jazigos de morte... Ressurgem, pétulas de uma tênue esperança, do encontro com a terra e a lágrima... como fênix renascendo das cinzas e o poema da garganta seca de palavras...