Ícaro
O Rei corvo, tão exaltado,
Exaltado como demônio endiabrado,
Até quando tenta acertar,
Está errado.
Mas quando não está por perto,
Sente um aperto singelo,
A solidão, incongruência,
Falta de decência.
Não há espaço para selvageria,
Nem para retaliação,
É uma auto terapia,
De alma e coração.
Ele voa, suas asas ecoam,
De todos os rolos que se foram,
Seus olhos coram,
Seus ódios se foram.
Ah ave maldita!
Maldita é suas escolhas,
Ave tão primitiva,
Se estoure em bolhas!
Tu e tua obsessão,
Por um sol negro depois do Monte Sião,
Farfalhe e grite teus horrores,
Mas não justifique as dores.
Que causa, que aprisiona a alma,
Tenha empatia, tenha calma,
Lembre das feridas que presenciou,
Não seja mais um que errou.
Tuas asas como a de Ícaro,
Que batem em direção ao eclipse,
Um preço deveras caro,
Machucar alguém amado.
Tu ainda terá asas abatidas,
Terá penas coloridas,
Então em todas as suas indas e vindas,
Não deixe mais feridas.
O Sol Negro queimará tuas asas, é certo,
Certamente sucumbirá,
Não conseguirá subir, não conseguirá voar,
Não terá ninguém para te segurar.
Escolheste uma vida só,
Que uma vida só,
Renuncie ao amargor,
De amar e também causar dor.
Tuas pupilas dilatadas,
Embriagado por tentativas falhas,
Não justifique, tampouco faça perdurar,
Chegará um dia que ele não lhe perdoará.
Esqueça essa ambição,
Você já saiu dessa prisão,
Lembre-se do seu ninho,
Você não está mais sozinho.
Tolo, traste asquerosa,
Tudo por causa de um espinho de rosa,
Enquanto tens um jardim arroxeado,
Pare de ceifar o semeado.
Um dia ele pode te abandonar,
Um dia cansará de lhe falar,
Se importe e priorize amar,
Se continuar,
Ele abandonará a lar.
Um conselho de si mesmo, basta seguir,
Lembre-se do deserto que decidiu fugir,
Tens um novo começo, um Mieli,
Não deixe ruir.