NÃO PROCURO NADA

 

 

Eu Nada procuro,

Não procuro nada,

Mas há sempre alguma coisa

Que me acha,

Que se esborracha, de repente,

Contra a minha vidraça,

E suja o vidro,

Macula a paisagem,

E trava a minha alma.

 

Não procuro,

Não procuro nada,

E rezo a Deus, sempre,

Que nada me encontre,

Que nada me ache,

Que nada me afronte.

 

Mas eu penso

Que sirvo de fonte

Às línguas cansadas,

E sou corrimão

Onde as mãos indolentes

Se apoiam

Tentando subir

As minhas escadas.

 

Eu não procuro nada,

Não me interessa

Só quero o direito

De permanecer quieta,

Dormir abraçada

A esse dragão tão antigo,

Meu melhor amigo

Que sempre me aquece

E aos poucos, me mata.

 

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 17/09/2024
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