A caça e o caçador
O medo carrega uma arma.
A rua, que antes era minha,
virou meu labirinto.
As câmeras vigiam,
atentas, silenciosas,
meu corpo é só pânico.
Já não sou quem fui,
sombras me cercam.
A adrenalina invade,
meus passos vacilam,
eu corro,
pelas ruas, pelos becos,
olhando para todos os lados.
O perigo está à espreita.
O que querem de mim?
Provocar o medo,
saciar-se com minha dor.
Sou bicho humano,
perfeita caça
para caçadores de almas.
Querem meu ser,
minha carne,
meu sangue.
Com suas vozes afiadas,
instalam o terror
em meus ouvidos.
Estou gelada, paralisada,
com medo de voltar,
com medo de sair,
e lá estão, à espreita,
onças famintas,
esperando a próxima caçada.