A depreciação magoa
Seja em mesa de bar, fazendo comida em nosso lar,
Aqui ou acolá, isso sempre me irritará,
Um timbrado de deboche, uma flor que desabroche,
Tua depreciação, me alfineta o coração.
Toda vez que fala assim de ti, é uma piada de mal gosto,
É um sentimento horroroso, um tapa invisível no rosto,
Você ri, sem fervor, isto não é amor,
Você sorri, sem calor, isso não é amor.
Dessa tua arrogância, não tratarei com ignorância,
Isso dói, machuca deveras, suas piadas sinceras,
Me afoga, me atola, você só amola,
Uma faca que não corta, não deixa cicatriz, um sorriso atriz.
Eu sou egoísta e anseio-o por inteiro,
Não só pelo ritmo costumeiro,
Não é remendo, não conserta no costureiro,
Das tuas auto críticas, és carcereiro.
Tuas piadas suicidas, por mais que não concretas,
São tão sinceras, que me vejo nelas,
Posso até ser hipócrita,
Mas não compartilho desta escrita.
Tento esconder mas só mentiria para mim,
Quando faz essa piada com tanto esmero,
Eu só espero,
Que veja meu olhar sincero.
Olhe nos meus olhos, sem ficar sem graça,
Pois é um dos motivos de não gostar da palavra desgraça,
A falta de graça, a falta de sorriso,
Tudo que diz a si mesmo, não és nada disso.
“Pois quero morrer”, assim me mataria,
“Pois não me acho atraente”, anseio por seu dente,
“Não vejo nobreza”, com toda essa beleza,
“Não sou especial”, tornou-se muito mais que real.
Cicatrizes, há de cicatrizar,
Passados, há de enterrar,
Mal agouros, há de espantar,
A vida tem que continuar.
Se toda vez que morre, me mata também,
Pensaria antes de ansiar pelo além,
Mas todas as vezes que meu coração se fere por tua rispidez,
A culpa é sempre minha, outra e outra vez.
Meu pecado favorito é a ira, e eu iria por ti até o inferno,
Atravessaria todas as penumbras e horrores,
Pois por ti, eu estou morto,
Morto de amores.
Será se sou a melhor coisa de tua vida,
Mesmo com tantas feridas,
Sou tão comum como o ar,
Só aprendi a te amar,
E te amar,
E te amar.