SERPENTEIA SORRATEIRA BR 156

Ó BR 156, serpente cruel,

Dois filhos de Laranjal se foram ao céu,

A mãe chora em dor, em lamento profundo,

Quantos mais levarás, oh estrada do mundo?

Oitenta e três anos de esperanças perdidas,

Obra inacabada, tantas vidas feridas,

Milhões desviados, promessas ao vento,

Enquanto o descaso se torna um tormento.

Asfalto que brilha, mas só em pedaços,

Lama e buracos, tristes espaços,

Macapá a Laranjal do Jari, um sonho distante,

Na dor da mãe, um clamor constante.

A guerra passou, mas a luta se estende,

O tempo não cura, a saudade não rende,

Serpente ingrata, engolindo a vida,

Em cada acidente, uma nova ferida.

O homem vai a Marte, e nós aqui parados,

Esperando um milagre, com corações cansados,

As chuvas, as promessas, tudo se desfaz,

E a mãe dos filhos clama: “Onde está a paz?”

Quantas vidas mais, oh BR tão vazia?

A estrada é um eco, uma melancolia,

Crianças e sonhos, sorrisos que se vão,

Na sombra da serpente, só resta a aflição.

Os dias passam lentos, sem a conclusão,

Dois filhos perdidos, um grito de aflição,

A mãe, com seu fardo, carrega a dor,

E pergunta ao destino: “Onde está o amor?”

Oh, BR 156, estrada de desespero,

Teus caminhos tortuosos, levaram mais dois passageiros.

Que não se esqueça a história do sofrimento,

Na luta por justiça, há sempre um momento.