SOMBRAS DO VAZIO
Olhei para o céu sem estrelas,
Para o jardim sem cor.
Para o mar sem ondas,
Para a árvore sem vigor.
Pessoas, sombras sem essência,
Na criança, a fria ausência.
O trabalho, um labirinto confuso,
Cotidiano, um eco surdo e difuso.
Falam, mas o som não me alcança,
Abraçam, e o toque não me balança.
No espelho, um enigma velado,
O vazio, guardião de um segredo calado.
O mundo é um quadro desbotado,
Sem formas, parado.
Não há raiva, nem felicidade – só o vago,
Euforia perdida num silêncio opaco.
A esperança, uma chama fraca,
Perdida no vento que nunca ataca.
Cada passo, uma sombra errante,
Num deserto de sentimentos distantes.