Autópsia
Eu matei meu lirico
Nesta mesa faço a autópsia
Tentando entender a cada rajada
Cravada a furos de canetada
Deixando exposto fratura de poema bem feio
Que ignora a métrica e não é livre
Com ematomas pretas de melancolia
Que a pericia afirmou: é tinta
No olho um fundo cravejado
Fixo e conturbado
Correndo de desespero e medo
Uma lágrima ainda quente
E ao cair em si deste precipício
Sem sombra de dúvidas a causa da morte de meu lirico
Foi de suicídio