ATÉ QUANDO?

Até quando, me pergunto,

os gritos atravessarão os céus

sem resposta, sem eco,

enquanto o sangue escorre pelas ruas,

e os inocentes caem, um a um,

como folhas em outono sem fim.

 

Até quando o poder,

cego e arrogante,

erguerá muros e muros,

prisões de corpos e ideias,

sem notar que a liberdade

se esvai nas sombras de sua opressão?

 

Crianças, rostos de medo,

mãos vazias, olhos perdidos,

a quem pertence o amanhã

se o hoje já foi roubado?

Até quando, pergunto,

a guerra será o preço da paz?

 

Nos becos escuros de regimes frios,

presos em celas invisíveis,

mãos que antes escreviam

agora tateiam a escuridão.

Até quando os dissidentes

calarão suas vozes

sob o peso de ditaduras que sufocam?

 

E o que resta, senão o vazio,

quando o mínimo — o humano, o simples —

se torna luxo inalcançável?

Até quando, me pergunto,

as bandeiras tremularão em orgulho

de conquistas forjadas em dor,

em corpos que jamais voltarão?

 

Até quando a história

será escrita com armas,

enquanto a verdade,

essa verdade crua,

é enterrada com as vítimas

que nunca tiveram escolha?

 

Diga-me, até quando?

Quando cessará essa barbárie

que nos arranca a essência,

que nos torna cúmplices

naquilo que fingimos não ver?

 

Até quando, me pergunto,

até quando?

 

Poeticus Eternus
Enviado por Poeticus Eternus em 04/09/2024
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