Botão de desliga
Em tempos de poucos afetos,
De muitos desencontros,
De raras almas valorosas,
De muitas faces superficiais,
Mediadas por filtros irreais,
De muitas intensidades mentidas,
De falsas essências corrompidas,
De conexões puramente bancárias,
Em um labirinto de jogos vorazes,
Onde te comem o fígado e os olhos,
No banquete do cinismo pragmático,
Te expulsam os sentidos e a esperança,
Inferiorizando o que tens de melhor,
Te cravam uma estaca no peito,
Por pura diversão e superstição,
Te usam e descartam como resíduo,
Sem reciclagem, sem valorização,
Nesse cansaço de portas fechadas,
De velhas fachadas sem coerência,
De insignificâncias que ferem,
De torpes palavras malditas,
De comportamentos suicidas,
Deveria existir um botão de desliga,
Parando essa insanidade que consome,
Essa loucura banhada em cicuta,
Que doura a pílula que nos mata,
Lentamente em vãs ilusões...