Cegueira


A visão turva.
As imagens fazendo curvas impossíveis.
Improváveis.

 

O tom embaçado do dia.

O tom escurecido da noite.

As trevas medievais da consciência.

 

Lá fora um degrau fora do lugar.
Lá fora um cenário distópico.

 

A opressão reside nas paredes.
Nos contornos pseudológicos.
Nas convenções sociais.

 

A visão turva.
A visão enebriada com lirismo decadente.
As nuvens em catarata estão caindo
Sem alarde.
Sem estrondos.

 

A cegueira é silenciosa.
Não ver.
Não enxergar.
Não prever ou desviar.
Esbarrar a contundência da realidade.


Há farpas.
Há feridas.
Sangramentos e lágrimas
E, um grito sufocado nas cordas vocais.

 

No fundo entoava, um réquiem.
Uma prece aos mortos
Que gozam do repouso eterno
para tatear a finitude todos os dias.
 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 31/08/2024
Código do texto: T8141093
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.