Cortejo

Segue um esquife, um corpo, o choro, a comoção,

Desfile fúnebre da última despedida,

Rezas, cantigas; verdadeira procissão,

Almas sofrentes por uma alma já perdida,

E o som do sino em compassadas badaladas,

Vai tilintando como lágrimas choradas.

Assim que da matriz em fileiras partia,

A alma encomendada e se vestia de bondade,

Aquele corpo que ao cemitério seguia,

Aquela alma numa talvez eternidade,

Divagando, entre o céu e o inferno procurasse,

E a nenhum lugar, sem ser julgada, chegasse.

Carregado pelas mãos dos que o protegia,

Ao campo santo definitivo chegar,

E esta seria a última luz do último dia,

Nunca mais, por nada, deixaria este lugar,

Desce o sol, desce o esquife para escuridão,

Segue a tristeza saindo, fica a solidão.

Desce na terra úmida recém removida,

E agora, por morada, um buraco no chão,

Por sorte terás a visita comovida,

E a lágrima removida do coração,

Logo serás apenas foto na lembrança,

Logo mais ainda, nada serás, nem lembrança.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 26/08/2024
Código do texto: T8137535
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