AZUL É A COR MAIS TRISTE
Noite após noite
O celeste mancha o meu pensar
E me faz incorporar o desalento.
Eu, ser desatento, deixo-o entrar toda vez.
Noite após noite vem sendo igual no último mês.
A melancolia se viciou em mim,
Me visita e me abraça sempre que pode,
Mesmo que eu não queira,
E a única maneira confrontá-la é senti-la por inteiro.
Deixo ecoar pelo ar
Melodias densas que fazem o índigo penetrar minh'alma ainda mais,
Deixando sais pularem por minhas janelas.
No banho, eu desaguo.
Tal como rio e mar,
Num encontro de Oxum e Iemanjá,
A água doce encontra a água salgada,
Se entrelaçando de modo a tentar expurgar a dor
Que escorre em tons desbotados pelo meu corpo.
No travesseiro umedecido com os resquícios de anil,
Repouso a minha mente inquieta
Que demora a me levar para os braços de Morfeu.
Mesmo assim, fecho as minhas cortinas e fico no breu,
Contemplando a escuridão que em mim existe,
Sem medo nenhum da penumbra,
Pois descobri que azul é a cor mais triste.