AZUL É A COR MAIS TRISTE

Noite após noite

O celeste mancha o meu pensar

E me faz incorporar o desalento.

Eu, ser desatento, deixo-o entrar toda vez.

Noite após noite vem sendo igual no último mês.

A melancolia se viciou em mim,

Me visita e me abraça sempre que pode,

Mesmo que eu não queira,

E a única maneira confrontá-la é senti-la por inteiro.

Deixo ecoar pelo ar

Melodias densas que fazem o índigo penetrar minh'alma ainda mais,

Deixando sais pularem por minhas janelas.

No banho, eu desaguo.

Tal como rio e mar,

Num encontro de Oxum e Iemanjá,

A água doce encontra a água salgada,

Se entrelaçando de modo a tentar expurgar a dor

Que escorre em tons desbotados pelo meu corpo.

No travesseiro umedecido com os resquícios de anil,

Repouso a minha mente inquieta

Que demora a me levar para os braços de Morfeu.

Mesmo assim, fecho as minhas cortinas e fico no breu,

Contemplando a escuridão que em mim existe,

Sem medo nenhum da penumbra,

Pois descobri que azul é a cor mais triste.

Srta Cabernet
Enviado por Srta Cabernet em 21/08/2024
Reeditado em 22/08/2024
Código do texto: T8134228
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