Procura-se: Fracassados
Comum, ordinário
Consciente que nada domina,
Retardatário.
Alguns duas voltas a frente, outros três;
Outros nem correm nesta pista.
Artes? Desista.
Muito tarde para forjar uma estrela.
Talentos? Descartáveis.
Animadores de criança, puxadores de assunto
Regalias de quem tem espaço de sobra.
Fotos intermináveis, numa esteira fictícia
Onde acredita quem quer,
Quem gosta, participa,
E se esconde aquele
Que não tem o que mostrar.
Lembranças a perder de vista.
Tudo igual, desista;
Você continua no mesmo lugar.
Onde estão os desiludidos,
Desamparados, tão parecidos comigo?
Será que estamos ilhados no descaso,
No curral dos poucos?
Comendo as sobras dos sonhos dos outros,
Roubando memórias de histórias que não vivemos,
Chorando por coisas que nunca sentimos,
Especulando sobre o que nunca saberemos,
Torcendo para que o tempo passe,
Lamentando quando o ponteiro avança,
Cada dia gasto que não volta,
Quantos outros passos existem nesta dança?
Onde estão os outros fracassados,
Os outros ancorados,
Desamparados;
Onde estão os outros designados
A morrer na linha tênue
Entre o desamor
E o descaso?
Procura-se, procura-se qualquer um
Qualquer outro que não sopre ouro
Que não voe sem assistência,
Que não tenha ambições
Além do conforto da própria decadência,
Assistindo o que o atrito faz,
Quando andamos de encontro
Com o vento.