Procura-se: Fracassados

Comum, ordinário

Consciente que nada domina,

Retardatário.

Alguns duas voltas a frente, outros três;

Outros nem correm nesta pista.

Artes? Desista.

Muito tarde para forjar uma estrela.

Talentos? Descartáveis.

Animadores de criança, puxadores de assunto

Regalias de quem tem espaço de sobra.

Fotos intermináveis, numa esteira fictícia

Onde acredita quem quer,

Quem gosta, participa,

E se esconde aquele

Que não tem o que mostrar.

Lembranças a perder de vista.

Tudo igual, desista;

Você continua no mesmo lugar.

Onde estão os desiludidos,

Desamparados, tão parecidos comigo?

Será que estamos ilhados no descaso,

No curral dos poucos?

Comendo as sobras dos sonhos dos outros,

Roubando memórias de histórias que não vivemos,

Chorando por coisas que nunca sentimos,

Especulando sobre o que nunca saberemos,

Torcendo para que o tempo passe,

Lamentando quando o ponteiro avança,

Cada dia gasto que não volta,

Quantos outros passos existem nesta dança?

Onde estão os outros fracassados,

Os outros ancorados,

Desamparados;

Onde estão os outros designados

A morrer na linha tênue

Entre o desamor

E o descaso?

Procura-se, procura-se qualquer um

Qualquer outro que não sopre ouro

Que não voe sem assistência,

Que não tenha ambições

Além do conforto da própria decadência,

Assistindo o que o atrito faz,

Quando andamos de encontro

Com o vento.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 19/08/2024
Código do texto: T8132702
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.