CANÇÃO DO MEU DESESPERO
Por Rogério Silvério de Farias
Minha alma anda tão triste, ó senhor Deus
Dos poetas que malograram no amor!...
Eu sou tão infeliz, tão infeliz!...
Mas minha alma de criança
Ainda sorri, quando alguém pára
Pra ler estes meus versinhos
Que são lágrimas sofridas, sofridas!
Obrigado, vós que me lês, vós sois sóis
Na minha grande treva!
Ai, esta chuva triste que não pára de cair
Dos meus olhos cor de sombra,
Estas lágrimas inundam-me de Dor!
Minha alma anda tão triste, ó senhor Deus
Dos poetas que o mundo esqueceu!
Escutai essa minha canção,
Eu vos rogo dentro da minha miséria interior!
A dor é muito grande, senhor!
Tende piedade e me leva deste mundo tristonho.
Escutai-me, eu vos imploro, ó senhor Deus dos poetas!
Escutai a canção do meu desespero!
Estou sozinho e infeliz,
O mundo não me compreende,
Tampouco eu compreendo o mundo.
A mulher que eu mais amei
Não me quis;minha maior maldade
Foi amá-la tanto a ponto de enlouquecer
E enlouquecê-la por estes labirintos do desejo!
Minha alma anda tão triste, ó senhor Deus
Dos poetas azarados que a vida maltratou!
Sou o farrapo humano da ternura morta,
O cantor dos túmulos da desilusão.
Deixaste-me aqui, sozinho, na cova escura do mundo,
Chorando de desespero porque meu coração,
Esta harpa de sonho que carrego dentro do peito,
Quebrou, arrebentaram-se as cordas do sentimento!
Eu tenho uma amiga que tem alma de passarinho,
Ela se chama Marisa e somos irmãos na Dor.
Vez por outra ela pousa no meu coração
E me dá um alento e uma paz.
A morte roubou-lhe o seu amor e hoje ela chora
Comigo, nas sombras da poesia!
Ela perdeu o seu amor para um grande inimigo,
A Morte! Mas eu, eu, o grande azarado das estrofes,
O grande nada dos versos, o grande nada da vida,
O louco que ninguém entende,
Eu, este sarcófago ambulante, o que se abismou na
Tristeza da alma, eu o faraó sombrio da poesia,
Perdi o meu amor para um inimigo mil vezes pior,
O meu lado negro, o Satã biltre que me enlouqueceu...
De paixão, de paixão...
O lado negro onde a sombra malvada da infelicidade
Me Devora, me tira pouco a pouco a luz!
Mas eu sou humano, tão humano quanto vós que lês,
Aqui, e somente aqui!
Essa amiga me deu o pão da caridade
Que seja chama amizade;
Eu,que nunca mais tive um amigo de verdade,
Desde que me tornei adulto,
Eu, o poeta que atravessa noites de insônia,
Debruçado sobre tomos e alfarrábios
Pra esquecer, tentar esquecer a Dor...
E aquela que não me quis!
Agora estou chorando, porque eu sou tão
Sensível e louco como o alaúde que Eros
Toca, quando alucinado para unir os corações,
Deixa de lado suas setas na aljava
E toca o heavy metal da desilusão.
Desculpai-me vós que lês estes versos!
Preciso chorar muito, porque eu sou
Um anjo sem Asas,
Não passo de um sonhador mutilado,
Algemado no rochedo da solidão,
Prometeu acorrentado pela Dor.
Deixai-me, pois, chorar no silêncio
Da grande noite da minha dura amargura.
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PS: A pedido do Rogério, eis mais uma de suas belas poesias publicada neste espaço.