O Motivo Da Solidão
Pela noite umbrosa sozinho pensava
Sentado à mesa com tanta agonia
Por que ninguém mais o visitava
Qual o motivo que se teria
Talvez fosse o local onde morava
Ou a sua casa fosse velha e fria
Pois outra resposta nunca encontrava
Pois outro motivo nunca descobria
E sozinho sempre, por lá estava
Sentado à mesa com melancolia
Por que ninguém mais alí chegava
O que será que acontecia
Talvez fosse a distância que atrapalhava
Pois era distante sua moradia
E outra resposta nunca encontrava
Pois outro motivo nunca descobria
E cada noite que passava
Era mais aflição, em lágrimas chovia
E o seu pranto que na noite derramava
Ele só secava ao amanhecer o dia
Por que o seu filho nunca retornava
E a sua filha nunca aparecia
Talvez fosse a falta de tempo que enfrentava
Ou então a falta de sabedoria
Pois talvez não soubessem onde ele morava
Ou então ninguém dirigia
Pois outra resposta nunca encontrava
Pois outro motivo nunca descobria
Por que ninguém, pra ele ligava
Ou uma carta nunca recebia
Talvez uma ave que um dia voava
Bateu na fiação e cortou a energia
E talvez o correio nunca mais passava
Por aquele lugar onde ele vivia
Pois outra resposta nunca encontrava
Pois outro motivo nunca descobria
E ficando só, naquele seu canto
Solitário e triste morreu de agonia
Afogando-se no próprio pranto
Nem mais um segundo ele resistia
Só ficou a casa e um velho santo
Que sobre a mesa alí existia
Então o seu corpo se cobrirá com um manto
E na sua alcova se resguardaria
Deixou esta vida como um velho e fraco
Sem ninguém para fazer-lhe companhia
Só resta o fundo de um negro buraco
Na eternidade que descansaria
Por que ninguém, no velório veio então
Talvez outro compromisso se teria
Se tivesse morrido n'outra ocasião
Talvez a família compareceria