Onde morrem as flores
A cada esquina nas madrugadas
Morrem as flores, onde falta o mínimo.
Onde crianças choram de fome,
Com o brilho do olhar quase nulo.
Morrem as flores, nos locais comuns,
Onde não se pode ter as oportunidades.
Onde a vida bate forte dilacerando os sonhos
Entre as paredes de madeira, ou ao relento.
Morrem as flores, nas casas alagadas,
Onde o pouco que se conquista, se perde.
Vidas que são ceifadas pela lama.
E viram apenas números quaisquer.
Morrem as flores, nas fábricas.
Onde o produto vale mais que você,
Em que as vidas são controladas.
E até os homens mais fortes choram em silêncio.
Morrem as flores, nos hospitais,
Infelizmente não só as flores.
Os velhos, adultos, jovens e crianças.
Nos vastos corredores sem fim.
Morrem as flores, a cada segundo.
Em um disparo de uma arma.
Em uma batida de carro a 60km/h,
Uma última noite de sono, e nada mais.
Morrem as flores nas poesias.
Escritas para fugir da loucura.
O sangue escorre na caneta,
Palavras completam o vazio.
Morrem as flores;
Morrem as flores;
Morrem as flores;
Morrem as flores nos jardins mais belos.