Riacho de ilusões
Não que me faltem as palavras
Elas sobram, sempre sobram
São como um rio que verte letras sem cessar
Como uma doença, uma ferida que não pára de sangrar.
Não, não faltam-me palavras
Falta-me o silêncio
De um olhar, de um gesto
De fazer amor e suspirar baixo para que não ouçam
Nem as paredes, nem as partículas.
É como se por um instante a poesia perdesse o tom
E causasse dor no coral de pensamentos.
São tantas vozes gritando sem cantar
Que um grunhido atravessa o espaço
E não te ouço nem falar, nem gemer
Nem suspirar na noite fria que insiste em ficar no meu quarto.