QUASE NOITE
Olhar perdido no entardecer,
Sem saber o que fazer,
Com o desafinado dó ré mi,
Sussurrado pelo vento.
Com o estranho clima,
Com a noite que se aproxima,
Alheia ao seu estado.
Sem saber o que fazer,
Com a dor manifesta,
Com o tempo que ainda lhe resta,
Para solitariamente viver...
Sem saber o que fazer,
Com o peso do ontem,
Com a desordem,
Os tropeços,
A incerteza, o, porém,
Com a rotina do front,
Com a pergunta: eu mereço?
O que fazer,
Com tanto amor guardado,
Para quem...?
Sem saber o que fazer,
De si.
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No banco, solitária,
conta as horas,
O tempo roubou-lhe a história,
Já não lembra mais os nomes,
Vez em quando flashes,
como luz de vaga-lume,
Lume,
encanta e some,
na noite escura,
Que artimanha essa do destino?
Um descapricho!
Levou seus meninos,
suas travessuras,
e até suas lembranças.