Ao Jovem Eu
A ti, jovem de semblante taciturno,
Que no ar lançou um lembrete fugaz,
Para que saibas, qual o motivo
Do dizer presente não ser mais.
Buscaste, lutaste, com afinco persististe,
Mas a resolução escapa à tua mão,
Por vezes, a tristeza em sangue verteste,
Ou o estômago em dores se contorceu então.
A ti recordo, nos momentos de desespero,
Onde a água salgada aos olhos jorrava,
E a doçura da esperança, pela boca entrava.
Perdoa-me as medidas desesperadas,
Prometi a ti mesmo, não ser o que sou,
Mas a relatividade do ser, e a cruel realidade,
Nos trouxeram a este inevitável lugar.
Este é um esforço para te trazer comigo,
Talvez descontente, caprichoso, irado,
Mas anseio por ti, e teus sonhos almejo,
Eles também residem aqui, ao meu lado.
Talvez não todos, nem do modo convencional,
Por vezes a banalidade se aproveita, traiçoeira,
Mas teus sonhos, de alguma forma, estão aqui.
Não te apegues aos meios, jovem menino,
A vida transformou-se, e em sua marcha avança,
Mas estou aqui, contigo, sempre acolhedor,
Na dança da minha vida, é você o coautor.