Pânico do Amor

Doí bastante

Como pode palavras machucarem tanto?

Saí de lá em fuga, em instantes

Minhas pernas tremiam sob os pedais,

Suando sem parar, quase sem ar, sem acreditar

Estava há tempos sem escrever e retorno assim?

Deprimido, refém da tristeza, que fim

Estava, em rascunhos, criando algo romântico

Mas agora, tudo o que sinto é pânico

Cômico até, claro, de um ponto irônico

Almejar um retorno cercado de amor

E me debruçar em dor nestes papéis molhados

Coitado, dirão de mim? Será? Duvido

Controlei as lágrimas, logo, pareço estar mentindo

Seria mentira se eu não me controlasse,

E me atirasse, de braços abertos, a primeira curva?

Imaginei a dor de cabeça que causaria em meus pais

Seria dolorido tamanha loucura

Não queria tirá-los da tão confortável paz,

Então me controlei

Meus pés firmei, mas assumo que foi difícil

O direito simplesmente estava congelado no acelerador

E o outro se debatia acertando da porta, estava aflito

Faz muito tempo desde a última vez que pensei,

Que eu não voltaria vivo para casa, mas, cá estou

Expressando, ou melhor, detalhando como desabei

Aquela curva, logo ao canto do morro, me ludibriou

Tão comprometida em me permitir repousar sobre ela

Mas, como um relâmpago, acordei-me em intenso pavor

Estava incrédulo que conseguiria chegar ao lar,

Estando tão desestabilizado, fragilizado

Cada semáforo parecia uma eternidade, não me permitindo passar

Cada lágrima que descia em meu rosto deixava meus olhos embaçados

Tudo isso, favorecido pelo frio da noite, me despedaçava, sem parar

Sem um refúgio para acalmar minha mente, que trovejava

Que almejava um remédio para amenizá-la

O que eu estava sentindo eram apenas reações involuntárias,

Das farpas que acertavam minha mente em ferocidade

Estava me apegando a faísca de esperança de chegar vivo em casa,

E falhar miseravelmente em criar um semblante em naturalidade

Falhei em demonstrar um sorriso, sim, falhei nisso

Tudo que pude fazer foi, naquele instante, conviver com aquilo

E respirar lentamente, pelo bem do meu coração e da minha sanidade

E, como esperado, me isolei a partir daquele momento

Chorava de repente, enquanto isso, meu celular se encontrava desligado

Lá no fundo eu a estava desejando, mas, ainda estava doendo

Eu nunca tinha vivenciado tamanho pânico, acho que fiquei assustado

Foram talvez dois dias sem me comunicar, mas acabei cedendo

O tempo fez seu trabalho, a dor diminuiu e voltei a estar apaixonado

Talvez tudo isso faça parte de amar alguém em sua totalidade

Escutar tantas palavras de alguém que tanto é amada, é de assustar

Mas, é passado, tudo que desejo é que meu amor nunca acabe

E, que eu viva junto a ela até que eu possa repousar.