ENTRE O VENTO E O NADA
Impetuoso vento,
Ondas em movimento,
Contemplo as nuvens, o sentido...
O tempo envolvido,
Pela densidade,
Me vejo nuvem perdida,
Na estranha sonoridade,
Sem qualquer possibilidade,
De controlar a sina.
Desejo voltar a ser,
Aquela lúdica menina,
Que tinha tudo a ver,
Com o encantamento,
Com o compartilhamento,
De doces quimeras,
Desejo de fiar naquela era,
Naquela atmosfera palpitante,
Distante das rasuras,
Das inevitáveis rupturas,
Da loucura sitiante,
Da realidade absoluta,
Da mulher que se vê ante,
A dissonante conduta,
Da vida adulta.
Desejo ficar ali, pequenina,
Onde tudo era primavera,
Onde eu era poesia fora a gaveta,
Uma (e)terna borboleta,
Sobre a florescência,
Essência divina.
Desejo sufocado pelo gris,
Entre o vento e o nada,
Uma alma infeliz,
Alma que se entregou,
Acreditou no conto de fada,
Verdadeiramente amou...
Não foi amada.
- - - - - - - - - -
DESENCANTO
Eu sei, eu bem o sei,
ninguém manda em sua sina.
Procuro pela menina.
que, um dia, existiu em mim.
Sonhos loucos, fantasia,
e mais uma imensa alegria,
que transbordava e encantava
os que a conheciam - enfim.
Porém eu não consegui
encontrar a sua essência,
minha pomba juriti
voou pra longe daqui:
fiquei só com sua ausência.
Infeliz senti a dor;
de não tê-la ao meu dispor.