Relicário
Na penumbra do quarto vazio,
Silente ecoa o meu suspiro frio.
A solidão, fiel companheira,
Ronda a alma, de maneira traiçoeira.
No silêncio, ouço o tempo passar,
Cada segundo, um mar a navegar.
Memórias fluem, como rio solitário,
Em um peito triste, relicário.
Estrelas lá fora, luzes distantes,
Olham-me, caladas, como diamantes.
Procuro nelas algum conforto,
Mas só encontro um céu absorto.
Na cidade, vozes, risos e cor,
Aqui dentro, apenas dor.
O vento sopra, levando as folhas,
Mas meus sentimentos, ninguém os colha.
Se a lua pudesse me abraçar,
Ou as sombras pudessem sussurrar,
Diriam talvez, que essa solidão,
É só um estágio do coração.
Assim sigo, na noite escura,
A buscar na alma alguma cura.
Quem sabe um dia, encontre a razão,
Para entender a minha solidão.