Cinzas de metamorfose
Ontem era um dia, hoje já é outro,
Cinco anos se dissiparam, um casamento de anos desfeito em vão,
No passado um pai, hoje apenas mais um velho patético.
A casa se perdeu como água, agora o que restou foi apenas o papelão,
Da antiga beleza restou apenas a avareza.
O aroma bom se foi e o banho é pelo o que mais almejo no momento,
Do melhor no trabalho, agora a um sem emprego qualquer.
Da fartura à pura esmola, um destino cruel,
Do apreço de muitos, hoje a um ser nu e fiel.
Vergonha me invade, por tudo que já fui um dia,
E talvez pelo o que serei em outro.
Pelo homem que era, pelo desprezo que me tornei.
Sem saudades a esperar, sem ninguém a lamentar a doçura de minha doce partida, não a nada que me impeça de ir.
Parto agora, deixando a casca que ainda nomeio como corpo a se desintegrar
E no fim, ninguém mais lembrará de que um dia já existi e isso me faz feliz.