"CHÃO E CINZAS".

Chão enegrecido...

Ver-se desabafar o lavrador,

Ao perceber que ali o seu suor,

Foi banido pelo fogaréu!

De uma faísca...

Nascida de cigarro ali jogado,

Queimando o alimento do gado,

Levando-os vagar ao léu!

Seu olhar triste...

Sem rumo enfim desorientado,

Olha o rancho ali queimado,

Tirando toda sua esperança!

Toda lavoura...

Em poucos minutos destruída,

Varre labutar de uma vida,

Não apenas as lembranças!

Certa noite...

Quando todos ali dormiam,

No tropel de bichos que corriam,

Acordam ali atordoados!

Era o fim...

Daquela simples propriedade,

Sem prever o quanto na verdade,

Do que era seu foi afetado!

Em poucas horas...

Sobe lavaredas incandescentes,

Consome celeiros e sementes,

Na força de fogo abrasador!

Velho ancião...

Se arrisca a sua posse resgatar,

Em latões de água pra molhar,

Na ânsia de salvar o que sobrou!

Finda-se a noite...

Já em claro dia nem se nota,

Algumas criações ali estão mortas,

Ao ver vem-lhe o desespero!

Choraminga...

Ao perceber tal situação,

Animaizinhos em forma de carvão,

Exalando um estranho cheiro!

Em meio a isso...

Senta-se no chão mui abatido,

Todos que o veem ficam comovidos,

Pobre velho de cabeça baixa!

Enxugando o rosto...

Com trapos que ainda vestia,

A fala presa, em meio tal agonia,

A conter a dor que o amassa!

Velha moenda...

Da engenhoca de artesão,

Ainda em brasas caída ao chão,

Retrata todo o desastre!

Canas queimadas...

Retrata ali o desperdício,

De sua saga e tanto sacrifício,

Não há olhar que não embace!

E foi assim...

Fatalidades nunca esperada,

Marcando fim de uma jornada,

Empreendida nessa luta!

Não há consolo...

Que faça ali sessar o pranto,

Terra coberta de negro manto,

De resistência vil e bruta!

Cbpoesias.

25/06/2024.