LAMENTO
Triste, lamento!
Lamento a dor da árvore que chora.
Saudades de outrora e de não poder gritar.
Floresta encantada, que em seu seio,
Mesmo agredida, abriga a vida.
Sofre calada, machucada, derrubada,
E não revida.
Triste, lamento!
Lamento a dor do rio, que triste, faz correnteza.
Não tem a mesma pureza, tão pouco a mesma beleza.
Mas vive a matar a sede, apesar da impureza.
Caudaloso segue o seu penar.
Em suas margens o verde acabou,
Mata ciliar, não há.
Triste, lamento!
Lamento a dor do pássaro que preso vive na gaiola.
De tristeza e dor, só lhe resta cantar.
Quem seu canto houve e vive a admirar,
Não sabe a dor que seu peito assola.
Ter asas e não poder voar,
É uma dor que não se consola.
Milton Bezerra da Silva
20/11/21